A força escondida de Ester
Published: 17 de abril de 2010
Ester era uma órfã solitária que desenvolveu dentro de si as qualidades incomuns de penetrar através das superfícies e comover todos os corações.O feriado de Purim representa o melhor de todos os tempos.Porém, surgiu do pior de todos os tempos.Nós nunca estivemos mais próximos da destruição, tanto espiritualmente como fisicamente. O hedonismo predominante da cultura Persa era parte do ar que respirávamos. Entorpecia nossos sentidos a ponto do Povo ver o Rei Achashverosh aparecer com as roupas do Sumo Sacerdote de Jerusalém, mostrando o tesouro que tinha roubado do Templo Sagrado, com a imparcialidade de um curador de museu, e não haver nenhum protesto.Mas, chegamos a ponto de dizer, “Que bonito e fascinante”, quando uma vez dissemos, “Se eu me esquecer de você, O Jerusalém, esquecerei minha mão direita”.Perdemos a sensibilidade em relação a nós mesmos e em relação a D’us.D’us é o personagem escondido do Livro de Ester. Seu nome não é mencionado. Como os eventos ocorriam em tempo real, poucos podiam ver Sua presença escondida.Uma das pessoas que via era Ester. De alguma maneira ela escapou desta falta de sensibilidade.Da solidão para a forçaVamos nos espelhar em Ester a fim de descobrir um lugar dentro de nós que possa nos ajudar a ver, assim como ela, além da fachada exterior do que chamamos de “realidade”.Seu pai morreu quando sua mãe ainda estava grávida dela; sua mãe morreu ao dar a luz. Portanto, Ester veio ao mundo com a ferida aberta de não pertencer a ninguém.Seu tio Mordechai, que mais tarde se tornou seu guia espiritual e no fim, seu marido, assumiu a responsabilidade de cuidar dela. O Maharal de Praga (século 16) nos diz que as circunstâncias de seu nascimento não foram nenhuma coincidência. A alienação e a solidão são ferramentas como todas outras que nos capacitam a nos tornar quem somos. Era daquele lugar vazio que a profunda conexão de Ester com D’us se desenvolveu.A raiz da palavra hebréia ester é saiter, que significa “encobrimento”. Seu nome se encaixa com sua essência, a habilidade de perfurar as paredes de encobrimento e encontrar D’us onde outras pessoas não encontravam.Freqüentemente somos enganados pela natureza opaca de nossas interações com D’us. Ele aparentemente não reage quando saímos do caminho. Não somos atacados por um raio quando fazemos escolhas erradas.Da mesma forma como não ficamos de repente ricos ou necessariamente em melhor condição física quando abrimos nossos olhos para o que há de profundo e eterno dentro de nós.O perverso prospera e o justo existe com as mesmas limitações que todo o mundo tem.É como parece, claro, se não nos comprometermos a penetrar na superfície. Ester foi uma mestra em quebrar as paredes que nos cercam. Essa era a arma que usava para ensinar a si mesma em seus anos de solidão e anseio.Ester aprendeu a ver D’us aonde quer que olhasse. Ela O viu como seu único pai e deixou que Ele a guiasse.Todos nós temos nossos lugares vazios. Ao invés de permitir que eles nos levem à amargura, vamos usá-los como uma escada.Como uma murta
Ester teve um nome adicional: Hadassá. A palavra hebréia hadassá significa “murta”, e é uma das quatro espécies que usamos em Sucot. O etrog (cidra), simboliza e tem forma de coração, o lulav (folha de palma), a espinha dorsal, a aravá (salgueiro), os lábios, e a hadassá, os olhos. Os olhos de Ester podiam ver a realidade interna tão claramente quanto nossos olhos vêem a realidade a externa.Seu nome não foi dado aos acaso, e sim representava a última descrição de sua melhor qualidade.Vamos olhar mais de perto a natureza de hadassá para ganharmos uma compreensão clara da natureza íntima de Ester, e em último caso, de nossa própria.As folhas da murta são verdes e uniformes. Se eu fosse nomear uma criança com um nome de planta (o que é altamente improvável), tenderia a chamá-la de Rosa, Lírio, ou na pior das hipóteses, Margarida, muito antes de chamá-la de Murta ou Hadassá.O Maharal de Praga enfatiza que sua imagem modesta personificava uma força interna. A imagem que Ester projetava era uma em que as separações superficiais que nos polariza não existiam ou não faziam parte dela.Quanto maior é o nosso enfoque na singularidade de nossas identidades externas (idade, aparência, cultura) ficamos cada vez mais longe da nossa unidade e atributos comuns da nossa identidade natural (a necessidade de amar, o anseio por significados e realizações genuínas, medo da rejeição e caos interno). Nos tornamos os filhos de um Pai, quando nos deixarmos ver além da fachada da identidade superficial. São nossos atributos mais comuns que nos conectam ao coração e a mente.O Talmud nos dá um exemplo concreto:Ester tinha sete criadas, como era de costume da corte. Com a finalidade de lembrar-se de quando era Shabat, ela as nomeava de acordo com os dias de semana. Numa sociedade estratificada como a Pérsia antiga, poderia ter facilmente desumanizado seus criados os chamando de segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, etc. Nada poderia ser um insulto maior ao seu valor humano.Mas, ao invés disso, ela as chamava de acordo com a ordem de criação de D’us. Uma era Luz, a outra Transcendência, etc. Em última instância, todos foram convertidos ao Judaísmo, embora esse não era, nem de longe, a intenção de Ester. Tornando-as mais cientes de quem realmente eram, se tornavam mais capazes de olhar em direção ao que queriam ser de verdade. Ela teve êxito em trazê-las a uma consciência genuína de sua essência interna.Frio e calor
O Talmud nos diz, às escondidas, que assim como a hadassá, Ester era “verde”.Isto não significa que alguém a confundiria com o Robin Hood, ou Lyle, o Crocodilo. Melhor dizendo, sua essência era simbolizada pela cor verde.Verde é uma cor composta de dois componentes primários: azul e amarelo. O azul simboliza o frescor e o amarelo simboliza o calor.A luz interior de Ester era composta de duas forças também: quente como o sol e refrescante como a água. Por ter desenvolvido completamente sua própria natureza espiritual, conseguia alcançar a todos e encontrar dentro de si a capacidade de se conectar. Seu “verdor” era o símbolo espiritual de humildade, receptividade e sensibilidade.
Published: 17 de abril de 2010

O feriado de Purim representa o melhor de todos os tempos.Porém, surgiu do pior de todos os tempos.
Nós nunca estivemos mais próximos da destruição, tanto espiritualmente como fisicamente. O hedonismo predominante da cultura Persa era parte do ar que respirávamos. Entorpecia nossos sentidos a ponto do Povo ver o Rei Achashverosh aparecer com as roupas do Sumo Sacerdote de Jerusalém, mostrando o tesouro que tinha roubado do Templo Sagrado, com a imparcialidade de um curador de museu, e não haver nenhum protesto.
Mas, chegamos a ponto de dizer, “Que bonito e fascinante”, quando uma vez dissemos, “Se eu me esquecer de você, O Jerusalém, esquecerei minha mão direita”.Perdemos a sensibilidade em relação a nós mesmos e em relação a D’us.
D’us é o personagem escondido do Livro de Ester. Seu nome não é mencionado. Como os eventos ocorriam em tempo real, poucos podiam ver Sua presença escondida.
Uma das pessoas que via era Ester. De alguma maneira ela escapou desta falta de sensibilidade.
Da solidão para a força
Vamos nos espelhar em Ester a fim de descobrir um lugar dentro de nós que possa nos ajudar a ver, assim como ela, além da fachada exterior do que chamamos de “realidade”.
Seu pai morreu quando sua mãe ainda estava grávida dela; sua mãe morreu ao dar a luz. Portanto, Ester veio ao mundo com a ferida aberta de não pertencer a ninguém.
Seu tio Mordechai, que mais tarde se tornou seu guia espiritual e no fim, seu marido, assumiu a responsabilidade de cuidar dela. O Maharal de Praga (século 16) nos diz que as circunstâncias de seu nascimento não foram nenhuma coincidência. A alienação e a solidão são ferramentas como todas outras que nos capacitam a nos tornar quem somos. Era daquele lugar vazio que a profunda conexão de Ester com D’us se desenvolveu.
A raiz da palavra hebréia ester é saiter, que significa “encobrimento”. Seu nome se encaixa com sua essência, a habilidade de perfurar as paredes de encobrimento e encontrar D’us onde outras pessoas não encontravam.
Freqüentemente somos enganados pela natureza opaca de nossas interações com D’us. Ele aparentemente não reage quando saímos do caminho. Não somos atacados por um raio quando fazemos escolhas erradas.
Da mesma forma como não ficamos de repente ricos ou necessariamente em melhor condição física quando abrimos nossos olhos para o que há de profundo e eterno dentro de nós.
O perverso prospera e o justo existe com as mesmas limitações que todo o mundo tem.
É como parece, claro, se não nos comprometermos a penetrar na superfície. Ester foi uma mestra em quebrar as paredes que nos cercam. Essa era a arma que usava para ensinar a si mesma em seus anos de solidão e anseio.
Ester aprendeu a ver D’us aonde quer que olhasse. Ela O viu como seu único pai e deixou que Ele a guiasse.
Todos nós temos nossos lugares vazios. Ao invés de permitir que eles nos levem à amargura, vamos usá-los como uma escada.
Como uma murta
Ester teve um nome adicional: Hadassá. A palavra hebréia hadassá significa “murta”, e é uma das quatro espécies que usamos em Sucot. O etrog (cidra), simboliza e tem forma de coração, o lulav (folha de palma), a espinha dorsal, a aravá (salgueiro), os lábios, e a hadassá, os olhos. Os olhos de Ester podiam ver a realidade interna tão claramente quanto nossos olhos vêem a realidade a externa.
Ester teve um nome adicional: Hadassá. A palavra hebréia hadassá significa “murta”, e é uma das quatro espécies que usamos em Sucot. O etrog (cidra), simboliza e tem forma de coração, o lulav (folha de palma), a espinha dorsal, a aravá (salgueiro), os lábios, e a hadassá, os olhos. Os olhos de Ester podiam ver a realidade interna tão claramente quanto nossos olhos vêem a realidade a externa.
Seu nome não foi dado aos acaso, e sim representava a última descrição de sua melhor qualidade.
Vamos olhar mais de perto a natureza de hadassá para ganharmos uma compreensão clara da natureza íntima de Ester, e em último caso, de nossa própria.
As folhas da murta são verdes e uniformes. Se eu fosse nomear uma criança com um nome de planta (o que é altamente improvável), tenderia a chamá-la de Rosa, Lírio, ou na pior das hipóteses, Margarida, muito antes de chamá-la de Murta ou Hadassá.
O Maharal de Praga enfatiza que sua imagem modesta personificava uma força interna. A imagem que Ester projetava era uma em que as separações superficiais que nos polariza não existiam ou não faziam parte dela.
Quanto maior é o nosso enfoque na singularidade de nossas identidades externas (idade, aparência, cultura) ficamos cada vez mais longe da nossa unidade e atributos comuns da nossa identidade natural (a necessidade de amar, o anseio por significados e realizações genuínas, medo da rejeição e caos interno). Nos tornamos os filhos de um Pai, quando nos deixarmos ver além da fachada da identidade superficial. São nossos atributos mais comuns que nos conectam ao coração e a mente.
O Talmud nos dá um exemplo concreto:
Ester tinha sete criadas, como era de costume da corte. Com a finalidade de lembrar-se de quando era Shabat, ela as nomeava de acordo com os dias de semana. Numa sociedade estratificada como a Pérsia antiga, poderia ter facilmente desumanizado seus criados os chamando de segunda-feira, terça-feira, quarta-feira, etc. Nada poderia ser um insulto maior ao seu valor humano.
Mas, ao invés disso, ela as chamava de acordo com a ordem de criação de D’us. Uma era Luz, a outra Transcendência, etc. Em última instância, todos foram convertidos ao Judaísmo, embora esse não era, nem de longe, a intenção de Ester. Tornando-as mais cientes de quem realmente eram, se tornavam mais capazes de olhar em direção ao que queriam ser de verdade. Ela teve êxito em trazê-las a uma consciência genuína de sua essência interna.
Frio e calor
O Talmud nos diz, às escondidas, que assim como a hadassá, Ester era “verde”.
O Talmud nos diz, às escondidas, que assim como a hadassá, Ester era “verde”.
Isto não significa que alguém a confundiria com o Robin Hood, ou Lyle, o Crocodilo. Melhor dizendo, sua essência era simbolizada pela cor verde.
Verde é uma cor composta de dois componentes primários: azul e amarelo. O azul simboliza o frescor e o amarelo simboliza o calor.
A luz interior de Ester era composta de duas forças também: quente como o sol e refrescante como a água. Por ter desenvolvido completamente sua própria natureza espiritual, conseguia alcançar a todos e encontrar dentro de si a capacidade de se conectar. Seu “verdor” era o símbolo espiritual de humildade, receptividade e sensibilidade.